sexta-feira, 1 de abril de 2016

Mozart Catão e Conquista na Toca - Itatim/BA

Pra fechar as férias de 2015 demos uma rápida passada em Itatim, Bahia, onde estava rolando o 2° Festival de Escalada de Itatim, chegamos no final do dia, subimos a Via Expressa (se não me engano) no Morro da Toca.

No outro dia nos juntamos com o Marcelo, de Recife, que também estava lá, pra escalar a Mozart Catão (5° VI E3 D3) 250m, no Enxadão. 

Das três vias que vão até o cume do Enxadão, essa foi a primeira a ser conquistada, pelos primeiros escaladores que andaram por ali. Ela tem uma enfiada de "acesso" a um platô elevado, e depois segue por uma sequência de chaminés até o cume. Sem dúvidas é a menos popular das vias desta montanha, pelo acesso mais complicado, pelas chaminés e pelo mato, e estava a muitos anos sem repetição conhecida.

Para o terror de Eveline e Marcelo, que nunca tinham escalado no Enxadão, escolhi esta via, pois eu já tinha escalado as outras e tinha vontade de fechar as três. Como eles não tinham estado ali......só o cume interessa! Mas eles toparam na hora! Croqui detalhado não tinha, só o traçado da linha.

Início da Mozart Catão

Pois bem, começamos a procurar a base, vai pra lá e vai pra cá, achamos um lugar que tinha cara de que poderia ser o certo, um primeiro lance mais chato, começando pisando em cima de um "mói" de macambira, seguindo por uma sequencia fácil mas bem cheia de mato até o grande platô elevado.

Depois tem que dar uma caminhada pra esquerda, até visualizar a linha da via (marcada pelas chaminés), achar um caminho no meio do mato até a base, começamos a escalada, que se mostrou bem interessante!

Estávamos na P1 e o Formiga, Cabelo e Wilker passaram passaram por nós, seguimos logo atrás passando por uma chaminé bem bonita, com agarras e em alguns momentos sem, às vezes chaminezando mesmo, outras vezes por fora, até um platô bom, onde paramos novamente. Dali sai em um lance que é mais complicado olhando de baixo do que fazendo, saindo pra direita, um pouco de trepa mato, alguns lances de face, parada em grampos.

Saindo bem pra esquerda, segue por uma canaleta de mato com alguns grampos, depois não vi mais nada até chegar no cume, passando por uma aderência bem positiva, puxei os dois sentado no cume e fomos em busca do rapel.

Cume do Enxadão!

Passamos mais um bom tempo procurando o início do rapel, que é melhor se for feito pela via Jardineiro, por ser mais direto e sem mato. Quando começamos a descer vimos que tinha uma galera subindo pela via, depois soubemos que foram 11 pessoas pro cume do Enxadão nesse dia!

Rabiscamos um croqui mais detalhado da via, ele tá disponível no Abrigo de Montanha de Itatim.

Renato na Jardineiro


Tínhamos mais um dia e resolvemos escalar um pouco no Morro da Toca, e de tarde subir uma via maior, optamos pela Expresso pro Inferno, até então uma das últimas vias conquistadas na Toca, pelo Ary, Fabiano e Marlon, de Natal/RN.

Eu não consegui falar com o Ary e não tinha o croqui, mas lembrava mais ou menos a referência do início da via, que seria após o segundo tanque. Mas minhas lembranças me enganaram, hahaha. Eu imaginava que ela começava fácil e em móvel, então passei, olhei pro início real da via (7a com chapeletas), achei que era outra via e comecei mais pra esquerda, onde tinha cara de ser fácil e possível de proteger em móvel, no máximo 5 metros após o segundo tanque.
Lá pelos 60 metros eu não tinha visto chapeleta nenhuma, montei a parada em móvel e vi as chapas e a linha da via alguns metros pra direita.

Tava tão bonito que resolvi tentar seguir o máximo possível por uma linha independente. Saindo da P1 tem um vertical de boas agarras, um lance fácil mas aéreo, bonito, depois a parede perde inclinação e vez ou outra dá pra ver as chapas da Expresso pro Inferno na direita. Se for montar uma parada, melhor parar antes da parede ficar muito positiva, pois as fendas diminuem. Na escalada, que acabou virando conquista, seguimos em simultâneo até o antecume. Em um momento a linha passa bem próxima de uma chapa da Expresso, é possível usá-la, optei por seguir reto pela esquerda dela, depois tem um lance de IV e chega em um platô onde tem umas pedrinhas soltas, um pouco acima de onde a Expresso pro Inferno faz uma horizontal pra esquerda. Dá pra montar uma parada em uns blocões, depois é só sair pela esquerda, um lance curtinho por uma canaleta, uma aderência até chegar no cume, exatamente onde tem a última chapa da Expresso.

Rapelamos pela via "Foda-se" e batizamos a conquista inesperada de Toca-Toca, um trocadilho muito óbvio relacionando o nome da pedra com o estilo da via, e eu ainda explico isso!!


Croqui da Expresso pro Inferno


Croqui da Toca-Toca e traçado aproximado da Expresso pro Inferno.

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