domingo, 31 de maio de 2020

[Podcast e Lives] Café com Magnésio/On The Rocks/AGUIPERJ

Em tempos de isolamento pela pandemia de COVID-19 as conversas que normalmente acontecem nos abrigos e nas bases das vias estão sendo registradas em lives e podcasts.

Tem muito bom conteúdo por aí e finalmente apareceram bons podcasts de escalada e português! Tive a honra de ser convidado por alguns canais pra conversar um pouco sobre escalada!

O primeiro que participei foi o podcast do Café Com Magnésio!Um bate-papo onde falo um pouco sobre minha tragetória na escalada, vias abertas, viagens, perrengues, etc. O canal é super legal e tem várias entrevistas que valem a muito a pena escutar! Todas as sextas-feiras tem coisa nova por lá!




Dias depois rolou o convite do Eliseu Frechou, dessa vez sem direito à edição, a idéia era uma Live no Instagram! O tema foi escalada no nordeste, e falamos sobre diversos picos na região, eventos, abertura de vias, dicas etc. O bate-papo ficou registrado em seu canal do youtube, e também no podcast On The Rocks, outro super canal cheio de entrevistas com pessoas inspiradoras da escalada brasileira! Toda terça e quinta tem episódio novo no ar!




A AGUIPER começou na semana passada uma série de Lives em seu instagram @aguiperj_oficial, e a primeira foi a minha! O tema foi escalada em ItatimBA, dei muitas dicas pra que quer visitar e conhecer o pico! Todas as quartas e sextas teremos novas entrevistas com os guias e instrutores lá no canal!



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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Filha da Chuva - Morro do Enxadão - Itatim/BA

Em agosto de 2019, tempos não pandêmicos, recebi a visita do Dago e o objetivo não poderia ser diferente: abrir uma via nova! Escolhemos o Morro do Enxadão, por uma linha que segue pela lateral esquerda da sua face principal.

Chegando no Morro do Enxadão

Dago trouxe com ele a chuva, que nos acompanhou durante toda sua estadia, então fomos no primeiro dia visualizar a linha que eu tinha proposto, sem muita esperança pois tinha hovidoa manhã toda. Já não chovia mais e logo começamos a conquista. Pedra babada, comecei por cima de um bloco, coloquei uma peça, duas chapas e dominei um platô. A linha reta não tinha muita agarra então atravessei pra direita no platô até uma linha mais interessante, onde voltei a subir reto. Coloquei um nut meia boca em uma fendinha, testei com o peso do corpo e alguns trancos a mais e ele aguentou, subi nos estribos, apenas pra que me segurasse até bater a  chapa, mas no meio do processo...

Primeira Enfiada 

Broa da furadeira após a queda

...entortei a broca, a furadeira ficou no buraco e eu vaquei. Passado o susto continuei alternando cliffs e chapas até a P1, essa primeira enfiada seria o crux da via, que depois limpamos e encadenamos, sugerimos 7b. Dago já no final do dia pegou a furadeira e conquistou mais metade da segunda enfiada, parando antes de uma sequencia levemente negativa com agarras.

Só pra ter noção das agaras da segunda enfiada!

No dia seguinte Dago tocou pelas agarras e virou pro positivo, não deve ter sido tão divertido pra ele fazer esse final com uma chuva leve nos lances de aderência...essa enfiada não apresentava boas opções de proteção móvel e ficou toda fixa. 

Final da segunda enfiada

Toquei a terceira enfiada que, pelo contrário, permitiu usar bem as peças, começando em uma fenda aberta dominei um grande platô onde segui por uma chaminé e depois saí pelas agarras, em seguida uma sequencia de buracos até a parada. Subi o início da próxima enfiada e fiquei na merda sem bateria, terminei o furo na mão e baixei.

Terceira Enfiada

Terceiro dia resolvi começar reto e eliminar a diagonal da primeira enfiada. Ficou uma variante mais interessante, apesar de um pouco mais dura. Usei até uns pitons que andavam comigo há anos e eu não achava lugar pra por. kkkk

Início pela variante, opção mais direta, porém um pouco mais dura

Seguindo de onde paramos a via começa a nos surpreender, cada vez mais vertical e com possibilidades interessantes! Saindo da P3 virei uma barriga negativa protegida por uma hapa, segui atéum diedro onde cabe uma peça grande e saí pra direita pelas até uma barriga vertical com agarras onde bati algumas chapas e no final coloquei um nut perfeito que permitiu uma esticadinha até a P4.

Primeira chapa da quarta enfiada

Dago pegou a ponta e seguiu em direção à uma linha de matinhos que descobriu ser uma fenda entupida e cheia de agarras, após limparmos ficou um dos lances mais bonitos da via! Esta enfiada ainda segue por agarras no vertical com proteção mista até a parada. Claro, a conquista dessa também foi com a parede molhada.

Quinta enfiada

Dagoberto foi embora e levou com ele a chuva, então voltei alguns fins de semana depois com o Marcel pra terminar a via!

Panorama da conquista com Dago

Escalamos tudo até a P5 livrando os lances e puxando o equipo pra conquista continuar. A sexta enfiada tem dois domínios de tetinhos bem legais, e intercala proteções móveis com chapas. A sétima começa em móvel no vertical, depois segue por uma sequencia de agarras com chapas e termina no positivo passando por algumas canaletas fáceis sem muita possibilidade de proteção.

Início da sexta enfiada

Início da sétima enfiada

Marcel tocou a oitava, onde bateu apenas 3 chapas e usou algumas peças, e eu (ou foi o Marcel?) finalizei a última enfiada, fixa, com um começo mais técnico e o final já em meio à bromélias de cume do Enxadão!

Oitava enfiada

A via termina em um platô antes do cume, basta contornar pela esquerda pra acessar o cume.

Cume!

A Filha da Chuva e é toda rapelável com uma corda de 60m e exige 14 costuras + 01 jogo de Camalot do #.3 ao 4, alguns Nuts e um camalot #5 opcional pra ser repetida.

Traçado das vias tradicionais do Morro do Enxadão. A Filha da Chuva está destacada em branco.

Uma das vias bais bonitas que já abri, vale muito a pena ser escalada!! Exceto a primeira enfiada que é graduada em VIIb, e pode ser "artificializada", o resto da via não tem nenhum lance mais duro que VIsup.

Croqui detalhado. Clique par ampliar

ACESSO: A trilha chega na parede exatamente na base da via Martírio, um diedro óbvio, à esquerda dela estão algumas vias esportivas em uma base ampla. Siga margeado a pedra pra esquerda, passe por uma segunda clareira onde existe uma via em um diedro sujo, em seguida a última via esportiva em uma parede vertical. Mais alguns poucos metros você chegará em um bloco grande e em seguida uma caverna formaa por uma pedra encostada na parede. A via original começa em cima do primeiro bloco, logo antes da caverna. Dá pra ver das duas primeiras chapas do chão, já altas. A variante está um pouco antes, em um diedro onde dá pra ver um piton no início.

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