quarta-feira, 9 de março de 2016

Salinas 2015

Não pouparei fotos nessa postagem, que fala sobre um dos melhores lugares que já fui pra escalar, onde a vista antes, durante e depois da escalada sempre compensa os perrengues entre um grampo e outro! Salinas!

A trip foi a primeira parte das férias de 2015, que tirei com Eveline em outubro. Chegamos no Rio e a Carol nos salvou no translado aeroporto-rodoviária, e seguimos pra Salinas, onde chegamos de noite, compras feitas e uma boa noite na casa do Bernardo e da Lu, um casal gente finíssima que deu o maior apoio do mundo pra nós por lá!

Subimos de carona pela estrada bem cedinho e depois caminhamos um pouco até o Vale dos Deuses, onde ficamos alojados. A manhã tava bem nublada e não pudemos ver nada das montanhas!

Trilha até o Vale dos Deuses

Atenção!
 Minha parceira ainda não conhecia Salinas, então selecionamos a via mais recomendável pra uma primeira escalada por lá, e que eu ainda não tinha feito: CERJ, D3 5° V (A0/VI+) E2 400m, no Capacete. Separamos os equipos e seguimos pra base da via.

Capacete, a via CERJ segue próxima ao diedro sombreado no centro da foto
 A escolha não poderia ter sido melhor! Ótimas agarras e proteção relativamente boa, melhorável com peças móveis. 

Trilha pra CERJ
 Chegamos na base da via e começamos escalar pouco depois das 9h, e quem começou com a ponta da corda foi Eveline, uma reclamadinha aqui outra ali, mas seguimos revesando até o cume. Levamos umas 4 horas nas vias, hora parando nas paradas, hora juntando duas enfiadas em uma.

Primeira Enfiada

Segunda Enfiada

Início da chaminé da terceira enfiada

Eveline em algum lugar no meio da via

Quinta enfiada

Depois do "Platô do sorvete" juntei a sexta com a sétima enfiada e passei direto em vez de virar pra esquerda, por não ver uma chapa q tava na minha cara, desescalei e voltei pra via, entrando no lance de A0 que é bonito de fazer em livre!
Sexta enfiada

Eu falei que a proteção era boa!

Eveline na travessia

Chegando no cume!

Cume!!! Tudo Branco!
 Felizmente achamos o caminho no meio do mato até o rapel, pela via Sérgio Jacob e retornamos tranquilos até o camping.

Rapel pela Sérgio Jacob
Decidimos que o dia seguinte seria um bom dia pra tentar escalar uma via no Pico Maior, pois planejávamos uma descida até o abrigo do Sérgio, onde estaria o resto da turma, pra uma visita com pizza, e a melhor coisa foi ter garantido o cume do maior antes de gastar energia no sobe e desce das trilhas de lá!

Primeiro visual da trip!
 A via escolhida foi a Mateus Arnaud, D4 5° VI (A0/VIIa) E2 750m, uma via polêmica, com uma parte com grampos em excesso para o estilo do lugar, além de cruzar outras linhas conquistadas antes, mas como ela estava lá, decidimos seguir por ela,  e claro, não faltam aqueles trechos com emoção garantida, típicos de Salinas. Como eu queria tentar não escalar vias repetidas, Eveline teve que aceitar a empreitada, e lá fomos nós!

Base da via, por volta das 7h
 Escalamos o primeiro trecho em simultâneo, pois a proteção realmente é estranhamente próxima, seguimos até a P7 parando algumas vezes pra recuperar as costuras. Esse trecho próximo à P7 é bem confuso, escalamos em alguns momentos pela Decadance, outros pela Leste (outras vias próximas), vi que haviam algumas chapas que foram removidas da linha da via quando estava no mato antes da primeira chaminé da Leste, por onde comecei até me encontrar novamente, saindo de dentro da chaminé pra direita, em uma linha de chapas onde logo tinha o lance do A0, que é uma passada com um cliff, que claro, eu não tinha, tentei em livre, faltou 10 cm de macheza pra eu conseguir passar, mas quem não tem as ferramentas certas, dá um jeito, troquei os 10cm de macheza por 10cm de um graveto, que emendei na costura e consegui alcançar o grampo, me equilibrando precariamente...depois só alegria, escalada lindíssima em ótimas agarras pelo lado de fora da chaminé da Leste.

Primeira enfiada

Primeiro trecho

Nona enfiada, ganhando verticalidade!
 Seguimos tranquilos até a base da segunda chaminé da Leste, onde tocamos pra direita até chegar na base de uma chaminé gigantesca, que seria a parte mais trabalhosa da via. Mas eu não sabia da fama que essa chaminé tinha, só descobri quando tava espremido no meio dela.

Travessia até a chaminé

Começando tranquilo
 Entrei na chaminé e escalei, escalei, escalei, escalei, e o troço começou a ficar meio escorreguento, meio apertado, meio fora do prumo, e o grampo não tava muito pertinho, mais fui indo, fui indo e finalmente a grampeação saia pra direita, e continuava em um "artificial atlético" até a parada. Ufa!
Terminando no sufoco!

Eveline na chaminé, vista da P13.
 Daí pra cima foi sucesso, chegamos às 15h20 no cume, depois, só achar a via do rapel e descer mais 500 metros com uma corda só.

Cume!!!

Cume com todo o visual que tínhamos direito!

Foto: Eveline Sousa
 Pisamos no chão novamente às 18h, quando tiramos a foto abaixo, no limite da luz do sol!

Pôr do sol
 Cume do Pico Maior dá direito a um dia de descanso, então não contrariamos a regra e ficamos de perna pra cima, tomando sol, lavando roupas e comendo bem.

Mas dois dias de descanso não rola, tocamos então pra Roberta Groba, D3 5° V+ E3 450m, no Capacete.

Primeira enfiada da Roberta Groba
 Eveline seguiu o conselho da Lu de não guiar as primeiras enfiadas e sobrou pra mim! Escalada técnica em cristaizinhos, grampinhos longe, daquele jeito.

Segunda enfiada

Terceira enfiada
 Depois ela pegou a ponta e tocou até a base do diedro, parando em móvel, pois o grampo não foi encontrado.
Quarta enfiada?

Quarta enfiada?
 Segui na frente, passando pela bela nona enfiada, que possui três variantes, seguimos pela linha do meio, com uma escalada linda e com boas proteções móveis.

Cume do Capacete! Agora com visual!
 Descemos, arrumamos a mochilinha e descemos mais ainda, até a vila, onde comemos um festival de pizza com a Lu e o Bernardo, depois passamos no abrigo do Sérgio, onde os maus elementos estavam reunidos.

Lu, Bernardo, Eu e Eveline!

Eu, Eveline, Minhoka e Luciano. E faltou gente na foto!
 Subimos caminhando de volta ao vale no dia seguinte, e como era descanso ativo, fizemos a escolha de subir uma via curta, apenas 120 metros, o problema é que o acesso é o mais ingrime de todos, nem tudo é perfeito. Sérgio Jacob, D2 5° V E3 150m, no Capacete.


Seg da melhor!
 A escalada é muito boa, me surpreendeu, com ótimas agarras e boa aderência, só tem um lance mais emocionante, mas nada de outro mundo. 

Primeira enfiada Sérgio Jacob

Sérgio Jacob

Caixinha de Fósforo, ainda não vimos de perto.
 Na descida do Capacete encontramos todos: Júlio e Carol, Mário e Minhoka, Luciano e Todd, convidei todos pra uma escalada no dia seguinte, Eveline e Carol iam descansar, outros tinham outras escaladas marcadas, mas Luciano, Julio e Todd toparam: Abracadabra! D3 6° VI+ (A0VIIb) E3 300m, no Pico Maior.

Formamos as duplas e eu fui com Luciano em uma cordada e o gringo e o Júlio fecharam a outra.

É preciso escalar a primeira enfiada da via Sylvio Mendes, que não parece olhando de baixo, mas é estranha, caminhar alguns minutos até finalmente chegar no início da via.

A primeira enfiada é linda! A segunda é uma chaminé apertada que termina em um diedro gostoso, depois vem uma sequência de agarras pequenas, mais uns diedros com fendas largas, até o crux, A0/VIIb, traduzindo, optar pelo 7b é bizarro, agarras micro no vertical, até ensaiei mas não era o caso,  A0 em salinas aparentemente nunca é tão simples, então tive que usar meus dotes de laçador pra alcançar o grampo, depois pisar nele pra dar sequência à escalada, passando por um V mais chato que o A0, e uma passada bem aérea de boas agarras, pra dar um fiozinho na barriga.

Depois da P5 vem uma enfiada chave, que gostei bastante, são cerca de 60 metros com apenas dois grampos de difícil localização, e algumas poucas possibilidades de proteção móvel, mas o croqui está perfeito! Basta seguir o traçado, estudando bem a pedra que dá pra se achar legal!

Luciano na primeira enfiada

Luciano na segunda enfiada

Júlio chegando na P1

 Todd e Júlio no final do diedro/chaminé

Cume! Luciano, Júlio, Todd e eu!
 Juntamos as cordas e rapelamos pela Cidade dos Ventos, uma opção mais rápida se tiver duas cordas.
Parada estilo cacho de uva
 O último dia em Salinas não poderia ter sido melhor, fui com Eveline escalar no Pontão do Sol, escolhemos a via No Mundo da Lua, D2 4° V+ E3 300m, única escalada que fizemos com duas cordas nessa trip, faz parte.

A via é fantástica, com lances que te fazem pensar antes de agir. Nesse dia além da ótima escalada da qual pudemos desfrutar, assistimos também o Júlio e o Mário passarem voando pela Leste, e no final ainda encontramos mais amigos, Patrícia e Júlio Mello, que estavam na Sol  Celeste, estes tiveram que nos aceitar no carro durante a volta ao Rio de Janeiro, carona da boa!

Primeira enfiada No Mundo da Lua

No Mundo da Lua

Júlio e Mário na Face Leste

Júlio na Face Leste

Mário na Face Leste

No Mundo da Lua

Eveline No Mundo da Lua

Júlio e Patrícia na Sol Celeste

Mundo da Lua

Leste

Último cume da trip! Com cara de quem não quer ir embora!

Um comentário:

Paulo Brito disse...

Show galera, essa via é lost...hahaha

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